Hoje tive mais uma prova contudente que sou uma mãe tão galinha, mas tão galinha, que nem sou patinha. Sou o galinheiro todo mesmo.
Eu precisava de ir à parafarmácia e, como por este lados ainda não parou de chover, fiz aquilo que odeio e fomos, eu e a CLSM, ao Centro Comercial ao fim-de-semana. Sim, é a loucura!
Logo que chegámos, ela viu um helicóptero daqueles de pôr moeda e correu para lá. Sentou-se, pediu para eu me sentar lá também e depois de lhe ter explicado que o rabo da mamã não cabia lá - hoje em dia mal cabe num helicóptero de verdade, poderia ter acrescentado - brincou um bocadinho a seco, que é como quem diz, sem moeda, e fomos embora.
Ao pé da parafarmácia tem um pequeno comboio também de brincar, que pagando o dízimo devido, dá umas voltas nos carris. Sim, estas pessoas dos centros comerciais odeiam todos os pais, está visto.
Esse comboio ela já tinha visto andar e já tinha demonstrado que queria e que estava pronta para andar. Eu é que não.
Mas hoje pensei que era o dia.
Inspirei fundo três vezes, sentei-a no dito comboio, pousei a mala no chão (já imaginava todo um cenário de terror, de lágrimas de pânico e eu descabelada a correr atrás dela. Sem mala.) e com toda a calma dei-lhe um beijinho, sorri-lhe e coloquei moeda.
E quando o comboio começou a andar, fui ao lado dela, mas depois ele acelerou a cadência. Parecia-me que ia a 200 km/h. Juro. Sim, provavelmente ia a 10 mts/h....
Mas naquele momento em que percebi que não ia conseguir acompanhar o comboio, a não ser que corresse - o que seria lindo de se ver - aceitei que tinha de a deixar ir.
E por uns nanossegundos foi tão difícil. Tal como quando ela começou a andar e foi. Simplesmente foi.
Acho que é nestes pequenos pequenos momentos que a independência da minha outrora bebé atinge-me como um murro em cheio no nariz.
Custa. Mas enche-me de orgulho.
Vê-la ali sorridente, tranquila a dar voltinhas e a brincar com o volante da sua carruagem.
De vez em quando procurava os meus olhos para a sua dose de segurança e eu sorria-lhe. Ela retribuía.
Tão calma. Tão feliz. Tão crescida.
O comboio parou e a primeira coisa que ela diz, obviamente, é "mai".
E foi mais uma volta.
Depois expliquei-lhe que cada menino só pode andar duas vezes no comboio. É uma lei universal.
E viemos embora. Ela só falava no comboio. Eu dava-me uma palmadinha mental nas costas por não ter deixado os meus medos impedir as experiências que ela tem de ter. E ríamos.
Tão (in)significante. Tão bom.
Beijo da Patinha *
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