terça-feira, 23 de junho de 2015

A Maternidade segundo Maria Teresa




Eu sei que este texto já foi uma lamechice pegada de somos tão amigas e tão especiais e bla bla bla, mas não resisto a mais um bocadinho. Tenham paciência.

Resposta da Maria Teresa à ode, vulgo, texto: Adoro ver-me através dos teus olhos. 

Agora digam, é ou não a resposta perfeita?

Depois começou com um chorrilho de elogios que, apesar de sobejamente merecidos, eu não reproduzo. E não por ser ciente do meu espaço que isso já lá vai - até porque quem escreve num blog sobre a sua vida não será exatamente a pessoa mais privada do universo -, mas porque sou uma pessoa muito modesta. Ah, não tinham reparado?

Os elogios rasgados compensaram - que isto escrever para aquecer não está com nada - estar até às 2 da manhã a escrever no telemóvel - sim, no telemóvel - sobre uma luz que nem iluminava um pirilampo e em pleno fim-de-semana romântico com o SG.

Eu realmente sou uma pessoa maravilhosa, muito especial e a melhor amiga do mundo. 

(Tive de acrescentar a "melhor amiga do mundo", porque ela, por lapso, esqueceu-se.)

Mas depois disso percebi que afinal também adorava ver-me através dos olhos dela. Disse-lhe. Pronto, repeti o que ela me tinha dito. Não foi exatamente genial.

Resposta da Maria Teresa: É essa a nossa magia. Vemo-nos à melhor luz.

Toma, mais uma resposta perfeita!

Já me começas a enervar...

Adiante.

Como o prometido é devido  - e comigo, atrasado e com um intróito infindável - cá vai o texto da BFF.

Assim às cegas e à confiança. Copy Paste e publicar. Amanhã leio.


A Mãe Patinha convidou-me para escrever um texto para o blog. Sendo eu uma “stay home mom” de duas princesas (MF de 2 anos e meio e MJ com quase 6 meses), como não falar sobre algo relacionado?! A verdade é que mesmo que eu quisesse… A “minha mais velha” (adoro usar esta expressão meio bimbalhoca) tem mais vida social que eu! Mais?! Quem é que eu quero enganar? A “minha mais velha” tem vida social! Ponto.

Após uns bons 10 anos (pelo menos assim mais à séria), voltei ao desporto. Bem, voltei ao desporto que é como quem diz acompanho a minha princesa mais velha nas aulas de natação. Não conta?

Este sábado lá fomos as 2, de touca cor-de-rosa, a fazer pandã, ela excitadíssima e linda com o seu fato-de-banho às risquinhas brancas e azuis e eu de fato-de-banho de natação, portanto um verdadeiro trambolho, mas feliz por ela.

A Dadá (avó paterna) ficou com a princesa mais nova. Como dou maminha em regime livre e a Dadá também tinha os seus afazeres, procurei ser o mais prática e rápida possível. Por isso, fomos logo com os fatos de banho vestidos. Depois da aula, uma passada rápida no duche só para tirar o cloro, vestir e “allons-y”.

Fomos praticamente as primeiras a chegar. A MF estava desejosa de entrar na piscina. Brincou, chapinhou, deu umas braçadas ao colo da mamã, fartou-se de dar mergulhos e beber uns pirolitos (faz parte). Foi uma festa e ela estava tão feliz que eu quase que esqueci as minhas pendurezas. Quase, até regressar ao balneário… Fomos as primeiras a entrar na aula e as últimas a sair, pelo que só no regresso fui novamente confrontada (após mais ou menos 10 anos) com a realidade “sui generis” dos balneários femininos. Só que desta vez eram só mamãs e os respectivos rebentos. Em 10 anos, devo dizer, nada mudou.

Mulheres, mães, em pelota, nas poses mais naturais: agachadas no duche, rabo para o ar para apanhar o champô, esfrega daqui, esfrega dali,  perna alçada no banco para pôr creme, apanha toalha, calça chinelo, despe, veste…uma canseira!

E depois há de tudo! A púdica, que veste o soutien por cima da toalha – parece que está num reality show e tem medo que lhe filmem as mamocas; a boazona, que sabe que é uma brasa e por isso passeia-se com naturalidade pelo balneário qual gazela a saltitar – confesso que só lá vi wannabes ; as snobs que procuram um recanto fechado – espertas! ; as que têm muito orgulho numa parte do corpo, geralmente as maminhas, e então vestem-se todas, deixando o “santo graal” para o fim e andam por ali a passarinhar; as intrometidas que não têm qualquer pudor em olhar para as outras para “tirar medidas” (váde-retro!); e as que fingem que estão completamente à vontade com o seu corpo e que aquilo é tudo muito natural – fazem o que têm a fazer de costas ou de cabeça em baixo. Esqueci-me de alguém? É capaz!..
.
Saí de lá a pensar nas minhas pendurezas…

Eu como, mais coisa menos coisa, meio pacote de bolachas por dia. O Verão já está aí a porta… Secalhar devia começar a fazer qualquer coisa, tipo desporto e dieta, não? Ou então passo a fazer como as snobs! 

Vou ali comer só mais 1 bolacha, é a última!


Mamã Linda



A Audrey e a Princesa Leia. No 30.º aniversário da MT. Dois dias depois de fazer 13 horas de avião - que odeio de paixão - meti-me noutros 2 aviões para fazer-lhe uma surpresa. Mas como é que te esqueceste de dizer que era a melhor amiga do mundo? Realmente.


sábado, 20 de junho de 2015

A BFF




A minha vida tem uma Maria Teresa. Nela entrou num dia soalheiro do Outono de 1998. Ou 1999, agora não estou certa. Ela é melhor em datas do que eu.

Vestia uma calças pretas largas de corte clássico, camisa azul e blusão de ganga. Hoje seria banal o blusão de ganga. Em 1998 - ou 1999 - não era. Era inusitado e arrojado. Perfeito.

Bonita, trigueira e com ar franco. Assim era Maria Teresa.

Ela chegou tarde - caracteristicamente, vim a descobrir - à aula de Direito Constitucional. Teve de pedir licença para passar - o espaço para pernas era semelhante ao da easyjet - e fê-lo com ar de mea culpa polvilhado com um maravilhoso sorriso travesso.

Gostei logo dela. Senti-me logo atraída para ela.

Esta pode estar a parecer uma história de amor romântico, mas é uma história de amizade. Que é outra forma maravilhosa de amor.

Acabei por conhecê-la, como sabia que seria e teria de ser. Demo-nos bem, mesmo entre tantas outras pessoas. Mas lembro-me de sentir-me intimidada. Não, não foi bem isso. Senti-me desarmada. Foi isso. Nunca tinha conhecido alguém tão sem subterfúgios -logo eu que sou a rainha deles - e tão, à falta de melhor palavra, genuína. Não que ela fosse descomplicada ou básica, nada disso. Só era transparente. What you see is what you get.  Estranho.

Conheciamo-nos há um par de meses quando ela me ligou a dizer que tinha ficado sem carro e que se tinha lembrado que, como vivíamos relativamente perto, eu poderia dar-lhe boleia para a faculdade enquanto o carro estava no oficina. (Íamos religiosamente para a faculdade às 9h. Para jogar às cartas.) Que sim, claro. Não há problema nenhum. Claro. Fica combinado.

É um bocado esquisito, não achas? -Perguntei ao Super Gato, com quem já vivia - Quer dizer, eu nem a conheço muito bem. Não achas um bocado abusador?

Eu era muito mais fechada naqueles dias. Não introvertida, que nunca fui, mas muito ciente e zelosa do meu espaço. Mas foi esse primeiro passo que moldou a nossa amizade. Ela forçou-me a sair da minha zona de conforto. Ainda o faz.

As conversas sobre cocó são frequentes, por exemplo. Sim, cocó. Por alguma razão ela adora falar sobre isso, a frequência e a consistência. Como as crianças. Delicioso.

Ela conta as coisas que pensa, que aconteceram ou que deseja como ninguém. E nem me refiro à quantidade de pormenores desnecessários que debita. Ela conta as coisas em cru. Sem filtros.

E assim, numa dança e contra-danca de descobertas, fomo-nos aproximando. Até sermos inseparáveis. Numa época de incertezas, de aventuras, desventuras, desilusões e conquistas como foi a nossa viagem universitária, ambas longe do seio materno, que tanta falta nos fazia, fomos pilar, parede e teto uma da outra.

Passávamos horas ao telefone. Telefone fixo, que os telemóveis ainda eram para cima de uma fortuna. Víamos televisão juntas. Cada uma na sua casa, mas agarradas ao telefone. Tínhamos de mudar o auscultador de orelha frequentemente, de tão quente que ficava.

Íamos às compras. Íamos muito às compras. Descobrimos uma loja de chineses, ainda eram elas uma novidade, mesmo ao pé de minha casa e foi a loucura. Era tudo tão barato, tão fashion e de boa qualidade. Não era. Agora sabemos isso. As fotos não mentem.

Saímos muito à noite. Muito. Tínhamos um grupo de amigas maravilhoso. Divertido. Giro. Faziamos jantares, muitas vezes em minha casa. Elas cozinhavam. Eu fazia manicure e maquilhagem. E depois, invariavelmente, bares e a Kapital, a saudosa Kapital. Home away from home.

Tentámos frequentar um ginásio. Ser saudáveis. Durou 2 meses, se tanto. As mulheres nuas nos balneários, que se agachavam de pernas abertas para ir buscar os sapatos ou quase esfregavam as suas (muitas) partes femininas nas nossas caras, enquanto se besuntavam de Nivea, foram a desculpa perfeita para desistir.

Fizemos muitas coisas. Fomos muitas coisas. Rimos muito. Chorámos muito. E rimos mais um pouco.

Com a Maria Teresa aprendi a ser menos fechada, menos reservada. É que, apesar do começo que assim anunciava, ela nunca foi intrusiva, nunca forçou nada, nunca perguntou o que quer que fosse. Respeitou o meu tempo e espaço. E eu aprendi a confiar.

Com a Maria Teresa ganhei uma outra família, que me acolheu como filha emprestada. Ganhei um irmão maior que a própria vida, um pai maior que o universo e a Mumy 2, essa Mulher. Esse mulherão. Inspiração e força em forma pura.

Com a Maria Teresa aprendi a entusiasmar-me com as pequenas coisas. Aprendi a ver as coisas com outro olhos. É um prato de massa. Não, é a melhor massa que podes comer. É fantástica. Prova outra vez. É um orgasmo para os sentidos. Ah, eu achava que era só um prato de massa. Realmente não é.

Com a Maria Teresa aprendi o que era amizade. Sem pressões, sem cobranças, sem motivos ulteriores, sem recalcamentos. Sem necessidades de rebaixar para sentir superior. O teu bem é o meu. Pura amizade. Puro amor.

Vivemos a um oceano de distância há 9 anos.

Eu casei-me e ela foi a melhor madrinha que alguém algum dia teve.

Ela foi mãe e eu madrinha da benção que é a filha dela. A honra suprema.

Eu fui mãe e ela tornou-se inspiração. Modelo e exemplo.

Ela foi mãe novamente.

A vida aconteceu. As nossas vidas aconteceram.

Gostava de dizer que ainda falamos todos os dias. Todas as semanas. Não é verdade. Às vezes passa-se um mês e nem uma palavra. Já tentámos marcar um dia por semana para falar. Não resulta. O skype é sempre aquilo que ainda vamos experimentar. Sem sucesso.

Posso é dizer, sem medos, que continuamos na vida uma da outra como quando passávamos horas a planear a roupa para o próximo sábado.

Porque ela é parte de mim e eu dela.

Porque somos de sempre e para sempre.

Porque estamos sempre uma para outra.

Porque a admiro como pessoa, como Mãe de corpo e alma que é, como Mulher.

Hoje a Maria Teresa batizou a filha mais nova. E eu não estive lá.

Mas estive.

Sabes disso, não sabes?

Beijo da tua Patinha *


P.S. - Há uns tempos pedi à Maria Teresa que escrevesse um texto sobre a maternidade, para publicar aqui. Está há uns meses parado na minha caixa de entrada. Ainda não li, porque não quero por-lhe os defeitos que eventualmente ia pôr. Amanhã publico-o sem ler. Com confiança.

*






domingo, 14 de junho de 2015

Por aqui não se passa fome!


Um morango a comer morangos!


A minha filha gosta de comer. Gosta mesmo muito de comer.

Ainda este fim-de-semana deixou toda uma mesa de amigos nossos boquiabertos com a velocidade a que comia. A quantidade. E o prazer que isso lhe dá.

Uma rodela de kiwi? Duas dentadas. E ainda com ele na boca já está a pedir morangos. E a piscar o olho às cerejas.

Tem a quem saia. A minha família é de comilões.

Lembro-me que, quando éramos miúdos, não era assim tão invulgar almoçarmos duas vezes. Em casa e, se a comida fosse boa, na da avó também.

A minha mãe conta - vezes demais - que, num belo dia eu, com a idade que a CLSM tem agora, desapareci misteriosamente dentro de casa.

Filipa? Nada. Onde estás? Nada.

Deu comigo escondida atrás da porta do quarto, com chocolate até às pestanas, a devorar uma tablete inteira que surripiara da cozinha.

Glup.

Além de gostar de comer, a MC, também à semelhança, tem problemas com o controle no que respeita a comida.

Ela que é atinada em tudo o mais, se lhe tiram comida vira onça. Mesmo.

Muito bem que não é com tudo. Se falarmos de sopa, massa, arroz, peixe carne, legumes, iogurtes e semelhantes, come bem, mas (talvez) não mais que as outras crianças.

Agora se falarmos de bolacha, pão, queijo, fiambre, tudo o que seja fruta e o (muito pouco) açucar que come quando o Rei faz anos, aí a música já é outra.

É o terror.

Há uns dias abrimos a época balnear.

Decidimos tomar um pequeno-almoço tardio no bar de praia, enquanto ela lanchava.

Quando as nossas tostas mistas finalmente chegaram - tiveram de ordenhar a vaca e matar o porco - a CLSM já tinha lanchado.

Um iogurte, 5 morangos médios e duas bolachas Maria.

          - Pão. Pão pá Mia Cámo.

          - Amor, o senhor ainda nem pousou o pão na mesa.

           - Pão. Pão pá Mia Cámo.

           - Tu já lanchaste. Agora a mamã e o papá vão comer.

            - A Mia Cámo tem fome.

            - É impossível teres fome, Maria do Carmo. Comeste o suficiente.

            - A Mia Cámo tem muita fominha. A Mia Cámo tem muita fominha.

            - A mamã então vai dar-te o último morango que trouxe.


Era o morango das emergências.

Foi-se em três dentadas.


            - Queizio pá Mia Cámo.

            - A mamã não te vai dar queijo porque tu já lanchaste, meu amor. Este é da mamã.

           - Fiambi. Muito fiambi pá bebé.

           - Nem fiambre muito menos.


Conquista pelo charme. Sorriso maroto, cabeça inclinada:


           - Pãozio pá bebé. Na boca. Aqui na boca, mamã.

           - A mamã não te vai dar porque já comeste o suficiente.


Conquista pelo cansaço. Olhar esgazeado:

           - Pão pá Mia Cámo.

           - Pão pá Mia Cámo.

           - Pão pá Mia Cámo.

           - Pão pá Mia Cámo.

            - Pão pá Mia Cámo.


Já engolíamos as tostas para acabar com o martírio. Estive mesmo prestes a deitar o pão fora. Mas não deitei. Não fosse ela filha de quem é.

          - Pão pá Mia Cámo.

          - Pão pá Mia Cámo. Agoia.

         - Pão na boca da Mia Cámo.

         - Pão pá Mia Cámo.

Em desespero já olhava para o Super Gato sem saber o que fazer. E de repente vi o copo plástico com tampa que tinha servido para levar os morangos.

Ela entretém-se imenso com aquilo, a tentar abrir. Nunca conseguiu.

Dei-lhe, cheia de esperança.

Funcionou. Ela esqueceu-se.

Durante um minuto, só se ouvia o som do mar e o tagarelar das pessoas.

Praia.

O SG e eu olhávamo-nos. Incrédulos e aliviados.

Ela conseguiu abrir a tampa.

Mostrou-me o copo. Toda feliz e orgulhosa.

         - Põe aqui dento, mamã!

        - O quê, amor?

         - Pão pá Mia Cámo.



Beijo da Patinha *














quinta-feira, 11 de junho de 2015

Sobrevivi!





Este fim-de-semana que passou a família Patinha Gato foi ao primeiro grande evento infantil.

Daqueles a sério. Num jardim.

Com largas centenas de crianças. Que gritam.

Com música alta. Muita alta.

Com atividades de onde eles não querem sair e há 3 birras por nanosegundo.

Pensei que seria o fim.

Já tinha ouvido falar sobre experiências em eventos semelhantes. Coisas do Panda e afins.

As crianças, os gritos, o calor, a desafinação.

Surreal. Ouvia o que me contavam muito ao longe e com vozes distorcidas. Não, isto não existe. É história de terror. É distopia.

Pobres coitados, pensava.

A hora a que iam para essas "tortúlias" - ai, que neologismo delicioso-  era, muitas vezes, a horas a que eu chegava a casa vinda de uma noite bem vivida.

Triste fado.

Mas não. Como sobre tantas outras coisas, estava redondamente enganada.

Não só sobrevivi como gostei. Bastante.

E fizemos tudo a que tínhamos direito.

Um piquenique. Com toalha e tudo. Aula de zumba. Insuflável. Ver as tendas das profissões. Derreter ao Sol.

 








De repente nós somos os tais. Os que viraram pais.

E em vez de ter pena, identifiquei-me. Sorri ao ver mães e pais a dançar com os filhos, a tirar 30 fotos aos seus meninos no insuflável - quantas fotos de saltos desfocados serão necessárias para entender? - e pais com chapéus floridos tamanho 2 anos na cabeça.

Ah, e isto, que é sempre um sucesso:



O clássico homem que é macho e pai que se preze tem de andar de mochila da Minnie. Tem de ser.

Ou então este caro senhor progenitor numa sequência animada:

É sempre a mesma coisa. Vão para sabe-se lá onde e deixam-me aqui a derreter ao Sol. Raios partam!
Ainda por cima sou sempre eu que fico com a mochila. Mas tenho ar de mula de carga?

'Xa cá ver uma coisa que isto ninguém 'tá a olhar. Será que estas alças mexem?
Oh, parece que sim. Olaré! Basta dar um toquezito aqui, desliza e toma que já está.
Mas será que vai caber? Vamos ver, vamos ver... Eu estou mais magro, pode ser que dê...
E já está, meus amigos! As sopas estão a resultar! É só endireitar a gola e estamos bem.
Sim, sinto-me confiante. Portentoso. Mas para onde estás a olhar, tu com o chapéu? 
Finalmente chegam. Onde andaram? Já tenho a careca a arder...
Está muita gente. Deixa-me só tirar o papel higiénico para procuramos uma casa-de-banho, que a Laurinda está a acusar as pipocas. Mas digo-te, não sei o que é mais sexy, se a mochila do Noddy atrás, se a tua mala de homem à frente... Hoje vamos ter festa, Norberto.
Vai, vai, Micaela, que eu e o Noddy ficamos aqui à vossa espera. Para irmos para casa rapidinho, meu amor.



Sobrevivemos. Gostámos. Fomos felizes.

Se estar muito bem organizado e só termos lá estado uma hora e meia ajudou ao sucesso da coisa? É provável.

Se vamos repetir? Estou neste momento a tentar comprar bilhetes para um concerto da Xana Toc Toc. Façam figas!

Beijo da Patinha *



P.S. - No evento estavam montadas tendas sobre diversas profissões. Coisas tão maravilhosas como "queres ser optometrista?". Tendas com acessórios relacionados com cada uma das profissões, com profissionais de cada área que explicavam o mais importante dessa área. Tendas cheias de gente e de coisas. E depois havia esta:


Queres ser jornalista?




Nada. O vazio.

Maria do Carmo, se algum dia leres isto e estiveres a pensar ser jornalista como o papá, lembra-te do que aprendemos hoje.

(Não resisti à provocação, SG)

*













terça-feira, 9 de junho de 2015

Conta-me como foi...




Há uns dias fui buscar a CLSM à casa da sua avó Sissy.

Não sei bem se será Sissy, Sissi ou Cissy, mas como foi a Maria do Carmo a autora do diminutivo, vou ter de esperar que ela saiba escrever para perguntar qual a grafia pretendida.

Já em casa, quando a estava a preparar para a sesta, perguntei-lhe como habitualmente o que tinham feito durante a manhã.

    - Paxeá.

     - Foste passear com a avó? Que giro! E onde foram?

    - À Dona Béia. Fô pá caxa da Bija.

    - Foram à Dona Bela comprar uma flor para a casa da bisa?

Funciono sempre como papagaio que aprendeu a falar corretamente a ver se pega.

     - Que bom. E onde foram mais?

     - Ao páqui.

Que ela tenha ido com a avó à foista, que é como quem diz à florista, acredito que sim. É ali mesmo ao pé da casa da minha sogra e sei que vão lá algumas vezes.

Agora ao parque? Duvidei muito. Há o parque da Ajuda nas redondezas, mas não assim tão perto para ir a pé. Decidi insistir.

     - Foste com a avó ao parque? De certeza?

E com um olhar maroto diz:

     -Nãaaaao.

    - Ah! E então onde foram?

    - Ao páqui!

Ai, que está o caldo entornado. Mas espera que já te apanho.

    - Foram então ao parque. Que divertido! E a qual parque?

Pausa.

Eu quase que via as engrenagens daquele pequeno cérebro a rodar.

Ah, pois é. Mais depressa se apanha um mentiroso que um coxo, já dizia a bisavó que nunca conheceste, mas de quem vais ouvir falar muito.

Mas as engrenagens continuavam a rodar. E num rasgo de luz:

     - Páqui da Ajuda.

Pronto. Baralhei.

Se, por um lado, duvidava que tivessem ido, não deixava de ser estranho ela acertar no nome do único parque lá perto.

Por outro lado, eu já fui várias vezes a esse parque com ela, mas nunca depois de sair casa da avó nem passando por lá, por isso dificilmente ela se aperceberia da proximidade.

Então decidi-me pela abordagem vamos lá-ser-honestas-minha-menina-que-a-honestidade-é-uma coisa-bonita-e-que-vai-bem-com-tudo:

    - Meu amor, a mamã agora não sabe se foram ao parque ou não. A mamã pode ligar à avó para ter a certeza, mas eu preferia mesmo que fosses tu a contar à mamã.

Nova pausa. Engrenagens. E começa a dizer:

      - 1, 2, 3, 4, 5, 6....


Pronto, a mestre do desconversar volta a atacar.

Demorei um pouco a perceber o que era aquilo. Mas depois fez-se luz.

Eu pedi que ela me contasse. E ela contou.

Até 10.


Beijo da Patinha *


segunda-feira, 8 de junho de 2015

Da moda infantil ou de ser Maria-vai-com-as-outras


 Não gosto nada de ser Maria-vai-com-outras. Mas sou.

O que me consola é que, nesta coisa da moda, somos todos influenciáveis. A verdade é que todos seguimos, em maior ou menor grau, tendências que alguém imaginou e que outro alguém soube vender como frigorífico a esquimó.

E de onde é que isto vem?

Para explicar, tenho de confessar uma coisa escabrosa. Perdoem-me pelo que vou dizer e lamento se defraudo expetativas e desiludo as pessoas íntegras e de bom gosto.

Algum dia tinha de se saber. Tinha de confessar este mal que há em mim.

E esse dia é hoje.

Eu vejo e sigo o Keeping up with the Kardashians. É isso.

Não sou fã das famosas irmãs e família alargada e acho-os todos uns parolos desmiolados, mas divertem-me. E se estiver a dar - que é como quem diz vejo a gravação que fiz -  não resisto a deitar o olho. É como um acidente de carro na faixa contrária. É mau, sabemos que não deveríamos olhar, temos medo de o fazer, mas é impossível não ver.

E vai então que tenho visto a mais piquena - e que já ameaça destronar tudo o resto - mais conhecida como North West, filha da rainha das curvas Kim e do alucinado megalómano que acha que é Jesus, Kanye West, um pouco por todo o lado, desde aulas de ballet a aeroportos do mundo inteiro ou à primeira fila dos desfiles do Paris Fashion Week.

Uma vida perfeitamente normal para uma criança de quase dois anos como a minha, portanto. Aliás, a Maria do Carmo não só foi ao Moda Lisboa deste ano, como lançou uma coleção de swimwear desenhada por ela que fechou a semana da moda. Os quadrikinis foram um sucesso só.

Voltando à Norte Oeste. Lá vai então a criança, um amor por sinal, a reboque da mãe para trás e para a frente e geralmente vestida de.... preto.







Mas que raio, pensei eu, é que esta mulher está a fazer? Coitada da triste da miúda que nem criança parece. E coordenado atrás de cordenado, um só negrume.

Entretanto, como não poderia deixar de ser, vão surgindo os apontamentos negros ou o look preto integral nas coleções mainstream infantis um pouco por todo o lado.

Que disparate. Mas esta gente passou-se toda?

Há uns dias tive uns 50 minutos só para mim, enquanto o Super Gato foi ao Gymboree com a MC. Uma festa de compras para ela, já se sabe.

Entrava nas lojas e lá estava o preto. Mas que diabos.

Comentava com as senhoras da loja. Não consigo entender. Elas que também não. Que ideia absurda. Elas que sem dúvida nenhuma.

Isto está tudo parvo.

Quando cheguei a casa tinha construído,  nos tais 50 minutos, um guarda-roupa digno de uma mini fã de heavy metal. Tudo negro.

No final do século passado - adoro estas expressões que me fazem perceber que sou antiga - também tive a minha fase "metaleira".

Que não era uma fase. Era a expressão de toda a minha individualidade e seria assim para todo o sempre. E foi. Durante uns eternos, tenebrosos e nada abonatórios dois anos.

Talvez sejam ainda resquícios.

Sou uma meretriz das tendências, é o que é.

 Mas não é que ela fica o máximo?





Fotos tiradas num festival infantil que de falarei daqui a uns dias. Quando me conseguir recompor. Achei que o preto era o ideal. Não?

Beijo da Patinha *