Volto a ti a medo.
Estive ausente. Deixei-te. Não te disse nada.
Não sei bem o que te diga. Estou meio sem jeito. Queres que te peça desculpa?
Mas pensei em ti. A sério que pensei. Contei-te tantas coisas, mas não tas escrevi.
E senti-me culpada. Como se estivesses constantemente à espera de pelo menos um olá. E eu estivesse sempre a falhar-te.
É um problema meu esta coisa, este peso constante da culpa.
Mas se for para sermos corretos, a verdade é que te avisei. Logo no primeiro texto que te escrevi. Avisei-te que era mulher de paixões. Que vêm e vão.
Pensei nisso, mas não me fez sentir melhor.
Depois pensei que disse ao mundo que eras um blogue pessoal. Então tens de ser como eu. Cheio a transbordar. E oco vazio. Sucessivamente. Simultaneamente.
Mas na verdade é isso que me incomoda. A inconstância.
E quando digo, admito, reconheço as minhas paixões temporárias, digo com graça, mas com a secreta esperança de ser diferente dessa vez.
De descobrir uma paixão que se seja para sempre.
De saber nadar verdadeiramente, em vez de chapinhar.
De acabar a faixa pavorosa de ponto cruz com golfinhos para coser na toalha que felizmente não comprei.
De acabar a segunda risca do tapete de esmirna.
De acabar de escrever a peça de teatro que tem 10 páginas há 10 anos.
De justificar condignamente ter um piano e frequentar aulas de piano. Sem passar por tocar os "parabéns". Como qualquer pessoa que tenha acesso ao youtube.
De conseguir concretizar uma ideia genial sem que alguém o faça primeiro.
De conseguir manter um plano de exercícios. Foram 3 anos a fazer desporto todos os dias, seguidos de 3 anos a conscientemente evitar fazer desporto em dia algum.
De saber fazer 2 quadrados no Illustrator como fiz no workshop. Nem precisam de ser de cores diferentes. Já me contento se tiverem 4 lados. Iguais.
De ter uma gaveta de projetos com 3 vestidos. Mas todos com saia.
De fazer as coisas até ao fim. De ser persistente. Constante. Coerente.
E encolho-me quando passo pelo ginásio. E não vejo o piano no corredor. E tapei a máquina de fazer bainhas.
Ao menos consolo-me por ser constante com as minhas pessoas.
- Não com todas e infelizmente com cada vez menos.
Ao menos consolo-me por ser coerente nas atitudes e posturas.
- Apesar de haver dias que VIVO (agora quase todos os dias) e outros em que sobrevivo.
Fraco consolo este.
E era isto, meu querido. Desculpa-me o tom distante e formal e as filosofias baratas de livraria de aeroporto. Quando me dá para isto, ninguém aguenta a pose de escritora.
Já te disse que vou fazer um curso de escrita criativa?
É desta que descubro a minha verdadeira paixão!
Eu sinto que sim.
Sinto com alma de artesã, resistência de nadadora desportista e dedos de pianista.
Beijo da Patinha *
Pronto, para o futuro vale esta desculpa. Nunca mais teremos esta conversa. Posso escrever-te 3 vezes num dia ou passar 3 semanas sem dizer "ai". É assim a vida. Amanha-te! |
Lol! A mim parece me coerente. :)
ResponderEliminarSim, pode dizer-se que sou coerente na minha incoerência! ;)
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