Mas parece que sou. E na verdade, se pensar um bocadinho, sem surpresas.
A CLSM, como não anda na creche, convive com filhos de amigos, com os colegas do Gymboree - eu sei que está prometido o relatório sarcástico - e com todas as crianças que ela encontre na rua ou onde quer que seja. Onde está uma criança, está a Maria do Carmo.
Mas este tipo de convivência faz com que não esteja claramente habituada a coisas típicas destas idades.
Já vos contei aqui que quando lhe tiram brinquedos, ela diz "obrigada". Não existe...
Mas já tem vindo a acontecer que lhe dêem empurrões. Que lhe saltem em cima para tirar a chucha. Que lhe tirem bolas.
E nesses momentos, ela olha para mim baralhada. Acho que é essa a palavra. Ela sorri, mas um sorrir de vou-sorrir-porque-não-sei-bem-o-que-faça-e-com-um-sorriso-tal-como-com-um-vestidinho-preto-nunca-me-comprometo.
É um sorrir que me parte um bocadinho o coração. De tão desorientado.
Até que uma amiga, também mãe e educadora de infância, ainda para mais, fez um comentário a propósito que não poderia ser mais certeiro. Eu comentava com ela que a Maria do Carmo não sabia reagir.
- Claro que não. Nunca na vida dela, desde que nasceu, alguém lhe fez mal.
E sim, é isso. Ela não sabe como reagir porque é novo.
E se está desorientada, cabe-me a mim guiá-la.
Então explico-lhe que o menino está a brincar e entusiasmou-se, empurrando-a sem querer. Que são coisas que acontecem. E ao menino explico, com um sorriso e com uma carícia, que ela é mais pequenina e que ele tem de ter mais cuidado. E eles percebem e tudo corre bem.
Então explico-lhe que a bebé ainda é pequenina e adora chuchas, mas como ainda não sabe falar para pedir, tenta agarrar a dela . E vou buscar a chucha da bebé mais pequena à mãe e aproveito para dizer à CLSM que ela já é uma menina e até já não precisa da chucha. Ela dá-me. Não pichija. E tudo corre bem.
Então explico-lhes que todas as crianças gostam de bolas, mas que é muito mais giro brincar a dois do que só. E elas jogam juntas. E tudo corre bem.
E então explico que a menina de 4 anos ainda não sabe que deveria dar a volta e não empurrar para passar primeiro. Mas que a mamã lhe vai explicar, visto os pais da criatura estarem convenientemente desaparecidos.
E a mamã explica à criança de 4 anos, com um sorriso e com uma carícia. A criança volta a empurrar para passar. E a mamã explica-lhe com um sorriso. A criança volta a empurrar para passar. E a mamã, olhando nos olhos, com ar sério, explica melhor. A criança volta a empurrar para passar.
E a criança cai no chão. Misteriosamente.
Hora de outra lição de vida importante, meu amor.
Karma is a bitch.
E a mamã também.
Beijo da Patinha *
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