sexta-feira, 10 de abril de 2015

Pesadelos!


Sim, pesadelos. 

À antiga. A preto e branco. Com três acordes horripilantes como banda sonora. 

E não, a CLSM ainda não entrou na fase dos pesadelos e de acordar em pânico descabelada. 

A descabelada sou mesmo eu. A paniquenta panicosa sou eu.

Eu explico. Há uns dias, nas minhas deambulações internéticas, deparei-me com uma página de facebook que me deu uma dor no cérebro, apanhou-me as aduelas e arrepiou-me o útero.

Descobri isto: 


Pois. 

E o que é isto? Isto não, esta. 

Esta é a Filipa, minha homónima ainda para mais. 

É uma bebé de sonho, das muitas que lá estão na página de facebook. E é tão mau, tão mau que fiquei assim entre o horrorizada e o fascinada, ou horrorosamente fascinada.

E quantos gostos tem esta página portuguesa? São 14.454. Sim, minha gente, 14.454 pessoas gostam disto.

E fui de foto em foto a tentar perceber o que raio era aquilo. Depois encontrei o termo "reborn baby". Googlei, claro.

Afinal estes bebés bonecos, bonecos bebés, não são algo que uma senhora chamada Alzira ou Darlene inventou e faz na cave da sua casa em Oliveira de Azeméis. 

Não, isto é um fenómeno. Há formação para ser artesão de "reborn babies", há os mundialmente conceituados e os aprendizes, há milhões de aficionados, há sites, blogs, chats, fóruns e um par de botas. O preço dos bebés bonecos - não sei mesmo o que lhes chamar - pode variar entre os 100€ e os 10.000€. Sim, leram bem.

E fui vendo mais e mais:















Absolutamente arrepiante, eu sei! 

Mas depois também fui lendo sobre todo o trabalho e perícia que implica a conceção - sem qualquer ironia - de um bebé destes. 

E comecei a tentar perceber qual poderia ser a motivação de uma pessoa que os compra. 

Há dos que compram só porque gostam de bonecos. Há quem até faça coleção. E só conseguia imaginar uma senhora rodeada de gatos e bonecos vestido de renda branca integral, com touquinhas,  todos sentados à mesa a tomar chá.

Há dos que compram porque sempre quiseram ter filhos e não conseguiram.

Há dos que, perante a maior dor do mundo, a de perder um filho, encontram aqui um mecanismo de escape, encomendando um "bebé igual ao seu".

Vi bonecos que têm vida de verdadeiro bebé, com quarto todo arranjado, com cama e armário cheio de vestidos, com cadeira de papa, com carrinho e bonecos (!) para brincar.

E fui imaginando todos os sonhos perdidos, as derrotas, as deceções, as dores lancinantes que não estariam por detrás desta "compra", que não seria mais que uma forma de preencher de um grande vazio.

E senti-me tão abençoada. E triste, muito triste.

Mas que nem mosca para mel não conseguia parar de ver.

Depois descobri que há dos que são simplesmente loucos. Fechei tudo num instante.








Esta noite não vou ser a única descabelada a ouvir aqueles três acordes, pois não?.


Beijo da Patinha *
   

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