terça-feira, 14 de abril de 2015

The never ending story


Lembram-se de eu estar-me há uns dias a lamentar-me por aqui que precisava de, basicamente, cortar o cordão umbilical?

Fiquei a pensar no que tinha escrito e percebi que se calhar tinha sido um bocadinho exagerada. Passei a ideia de que não tenho vida própria, mas até tenho. A sério que tenho! 

Só que geralmente essa vida acontece depois das 21 horas. Só coincidentemente a hora de ir para a cama da CLSM...

Seja como for, bateu-me à porta uma ocasião perfeita para desengalinhar.

Um amigo meu fez anos e tinha combinado ir com uma grupeta engraçada, no passado fim-de-semana, para uma casa arrendada para as celebrações.

Eu estava há um mês para confirmar se ia. 

Que claro que vou. Mas é que nem pensar! Mas tenho de ir.

Para testar as águas, na terça-feira anterior ao fim-de-semana, foi o papá a dar o jantar - esta parte é sempre ele que faz - a dar banho só - geralmente é um bocadinho a cada - e a deitar - geralmente sou eu. 

Para nem estar por perto, saí e fui fazer uma massagem. As minhas hérnias discais e protusões cervicais são viciadas em massagem. Eu não, claro.

E estão a ver como tenho vida própria?!

Claro que expliquei tudo à Maria do Carmo antes de sair. Para onde ia, que o papá iria assumir a ponte à Capitão Jean-Luc Picard (nunca gostei do Kirk) e que só nos víamos no dia seguinte.

Ela perguntou por mim à hora de vestir o pijama, que é a hora da nossas palhaçadas por excelência. Nada mais a reportar. Tudo sobre rodas, ou melhor, a velocidade warp. Sim, sou uma trekkie. Assumo.

Fiquei confiante com o resultado da experiência.

Já tinha decidido que, se fosse ter com os meus amigos, só iria obviamente por uma noite. Que isto é um passinho de cada vez, se faz favor.

E no sábado ao final da tarde, depois de muita insistência do Super Gato (um dia explico a razão do nome) e da minha implacável consciência, lá me decidi a ir. Não sem antes confirmar se havia jantar para mim, claro. Sim, que isto sem filha e sem comida então é que era curto circuito na certa.

Joguei umas coisas para um saco de papel - a pessoa que só viajava com pelo menos duas malas para meio dia e sempre a combinar com a roupa - enchi-me de coragem e depois de protelar um bocadinho a ver se ninguém percebia, lá fui eu despedir-me da CLSM.

        - Adeus mamã! 

Deu-me um abraço, um beijo e foi toda contente brincar com o papá.

OK. 

So far so good.

Depois de uma viagem interminável, em que o rádio decidiu avariar a meio e tive de ouvir música à parola, que é como quem diz no telemóvel, com três telefonemas a certificar-me que já não tinha passado o sítio, a porcaria do sítio e o raio que o parta do sítio, lá cheguei onde Judas perdeu as botas.

Tudo escuro que nem breu. Nem vivalma.

      - Já cheguei. 

      - Espera aí que já te vou buscar. Vens atrás do meu carro.

Ainda não era ali. 

Depois de mais 10 minutos de estradas do cricacá, onde mal passava uma agulha, parámos o carro no meio do nada.

Era ali. Era onde Judas foi morrer.

Se não conhecesse os meus amigos há anos sem fim, teria fugido como diabo da cruz, agarrando todos os meus ameaçados órgãos à beira do tráfico.

Entrámos em casa e foi como se sempre estivesse estado ali. Como se também tivesse rido daquela piada ontem. Como se tivesse visto o que o que ele fez ao almoço. Com os verdadeiros amigos é assim. 

Fizeram um jantar maravilhoso enquanto eu conversava com uma cerveja na mão e um cigarro na outra. (Foi só por essa noite, já voltei ao estado smoke free, podem parar de me gritar, sim?)

Eu perguntei umas duas vezes se precisavam de ajuda e eles conhecem-me o suficiente para saber que não tencionava mexer nem um pêlo da sobrancelha.

Nem me responderam.

Depois do jantar, bem, depois do jantar foi a loucura!



                               ---------- Continua no próximo post -----------------


(Não é o máximo esta ideia? É porque já passa da uma da manhã (hey!) e tenho de ir dar voltas na cama durante duas horas até conseguir adormecer!

Entretanto, deixo-vos com o que vi no outro dia de manhã, lá onde Judas foi morrer. E que bem que ele escolheu...




Beijo da Patinha *

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