quinta-feira, 11 de junho de 2015

Sobrevivi!





Este fim-de-semana que passou a família Patinha Gato foi ao primeiro grande evento infantil.

Daqueles a sério. Num jardim.

Com largas centenas de crianças. Que gritam.

Com música alta. Muita alta.

Com atividades de onde eles não querem sair e há 3 birras por nanosegundo.

Pensei que seria o fim.

Já tinha ouvido falar sobre experiências em eventos semelhantes. Coisas do Panda e afins.

As crianças, os gritos, o calor, a desafinação.

Surreal. Ouvia o que me contavam muito ao longe e com vozes distorcidas. Não, isto não existe. É história de terror. É distopia.

Pobres coitados, pensava.

A hora a que iam para essas "tortúlias" - ai, que neologismo delicioso-  era, muitas vezes, a horas a que eu chegava a casa vinda de uma noite bem vivida.

Triste fado.

Mas não. Como sobre tantas outras coisas, estava redondamente enganada.

Não só sobrevivi como gostei. Bastante.

E fizemos tudo a que tínhamos direito.

Um piquenique. Com toalha e tudo. Aula de zumba. Insuflável. Ver as tendas das profissões. Derreter ao Sol.

 








De repente nós somos os tais. Os que viraram pais.

E em vez de ter pena, identifiquei-me. Sorri ao ver mães e pais a dançar com os filhos, a tirar 30 fotos aos seus meninos no insuflável - quantas fotos de saltos desfocados serão necessárias para entender? - e pais com chapéus floridos tamanho 2 anos na cabeça.

Ah, e isto, que é sempre um sucesso:



O clássico homem que é macho e pai que se preze tem de andar de mochila da Minnie. Tem de ser.

Ou então este caro senhor progenitor numa sequência animada:

É sempre a mesma coisa. Vão para sabe-se lá onde e deixam-me aqui a derreter ao Sol. Raios partam!
Ainda por cima sou sempre eu que fico com a mochila. Mas tenho ar de mula de carga?

'Xa cá ver uma coisa que isto ninguém 'tá a olhar. Será que estas alças mexem?
Oh, parece que sim. Olaré! Basta dar um toquezito aqui, desliza e toma que já está.
Mas será que vai caber? Vamos ver, vamos ver... Eu estou mais magro, pode ser que dê...
E já está, meus amigos! As sopas estão a resultar! É só endireitar a gola e estamos bem.
Sim, sinto-me confiante. Portentoso. Mas para onde estás a olhar, tu com o chapéu? 
Finalmente chegam. Onde andaram? Já tenho a careca a arder...
Está muita gente. Deixa-me só tirar o papel higiénico para procuramos uma casa-de-banho, que a Laurinda está a acusar as pipocas. Mas digo-te, não sei o que é mais sexy, se a mochila do Noddy atrás, se a tua mala de homem à frente... Hoje vamos ter festa, Norberto.
Vai, vai, Micaela, que eu e o Noddy ficamos aqui à vossa espera. Para irmos para casa rapidinho, meu amor.



Sobrevivemos. Gostámos. Fomos felizes.

Se estar muito bem organizado e só termos lá estado uma hora e meia ajudou ao sucesso da coisa? É provável.

Se vamos repetir? Estou neste momento a tentar comprar bilhetes para um concerto da Xana Toc Toc. Façam figas!

Beijo da Patinha *



P.S. - No evento estavam montadas tendas sobre diversas profissões. Coisas tão maravilhosas como "queres ser optometrista?". Tendas com acessórios relacionados com cada uma das profissões, com profissionais de cada área que explicavam o mais importante dessa área. Tendas cheias de gente e de coisas. E depois havia esta:


Queres ser jornalista?




Nada. O vazio.

Maria do Carmo, se algum dia leres isto e estiveres a pensar ser jornalista como o papá, lembra-te do que aprendemos hoje.

(Não resisti à provocação, SG)

*













terça-feira, 9 de junho de 2015

Conta-me como foi...




Há uns dias fui buscar a CLSM à casa da sua avó Sissy.

Não sei bem se será Sissy, Sissi ou Cissy, mas como foi a Maria do Carmo a autora do diminutivo, vou ter de esperar que ela saiba escrever para perguntar qual a grafia pretendida.

Já em casa, quando a estava a preparar para a sesta, perguntei-lhe como habitualmente o que tinham feito durante a manhã.

    - Paxeá.

     - Foste passear com a avó? Que giro! E onde foram?

    - À Dona Béia. Fô pá caxa da Bija.

    - Foram à Dona Bela comprar uma flor para a casa da bisa?

Funciono sempre como papagaio que aprendeu a falar corretamente a ver se pega.

     - Que bom. E onde foram mais?

     - Ao páqui.

Que ela tenha ido com a avó à foista, que é como quem diz à florista, acredito que sim. É ali mesmo ao pé da casa da minha sogra e sei que vão lá algumas vezes.

Agora ao parque? Duvidei muito. Há o parque da Ajuda nas redondezas, mas não assim tão perto para ir a pé. Decidi insistir.

     - Foste com a avó ao parque? De certeza?

E com um olhar maroto diz:

     -Nãaaaao.

    - Ah! E então onde foram?

    - Ao páqui!

Ai, que está o caldo entornado. Mas espera que já te apanho.

    - Foram então ao parque. Que divertido! E a qual parque?

Pausa.

Eu quase que via as engrenagens daquele pequeno cérebro a rodar.

Ah, pois é. Mais depressa se apanha um mentiroso que um coxo, já dizia a bisavó que nunca conheceste, mas de quem vais ouvir falar muito.

Mas as engrenagens continuavam a rodar. E num rasgo de luz:

     - Páqui da Ajuda.

Pronto. Baralhei.

Se, por um lado, duvidava que tivessem ido, não deixava de ser estranho ela acertar no nome do único parque lá perto.

Por outro lado, eu já fui várias vezes a esse parque com ela, mas nunca depois de sair casa da avó nem passando por lá, por isso dificilmente ela se aperceberia da proximidade.

Então decidi-me pela abordagem vamos lá-ser-honestas-minha-menina-que-a-honestidade-é-uma coisa-bonita-e-que-vai-bem-com-tudo:

    - Meu amor, a mamã agora não sabe se foram ao parque ou não. A mamã pode ligar à avó para ter a certeza, mas eu preferia mesmo que fosses tu a contar à mamã.

Nova pausa. Engrenagens. E começa a dizer:

      - 1, 2, 3, 4, 5, 6....


Pronto, a mestre do desconversar volta a atacar.

Demorei um pouco a perceber o que era aquilo. Mas depois fez-se luz.

Eu pedi que ela me contasse. E ela contou.

Até 10.


Beijo da Patinha *


segunda-feira, 8 de junho de 2015

Da moda infantil ou de ser Maria-vai-com-as-outras


 Não gosto nada de ser Maria-vai-com-outras. Mas sou.

O que me consola é que, nesta coisa da moda, somos todos influenciáveis. A verdade é que todos seguimos, em maior ou menor grau, tendências que alguém imaginou e que outro alguém soube vender como frigorífico a esquimó.

E de onde é que isto vem?

Para explicar, tenho de confessar uma coisa escabrosa. Perdoem-me pelo que vou dizer e lamento se defraudo expetativas e desiludo as pessoas íntegras e de bom gosto.

Algum dia tinha de se saber. Tinha de confessar este mal que há em mim.

E esse dia é hoje.

Eu vejo e sigo o Keeping up with the Kardashians. É isso.

Não sou fã das famosas irmãs e família alargada e acho-os todos uns parolos desmiolados, mas divertem-me. E se estiver a dar - que é como quem diz vejo a gravação que fiz -  não resisto a deitar o olho. É como um acidente de carro na faixa contrária. É mau, sabemos que não deveríamos olhar, temos medo de o fazer, mas é impossível não ver.

E vai então que tenho visto a mais piquena - e que já ameaça destronar tudo o resto - mais conhecida como North West, filha da rainha das curvas Kim e do alucinado megalómano que acha que é Jesus, Kanye West, um pouco por todo o lado, desde aulas de ballet a aeroportos do mundo inteiro ou à primeira fila dos desfiles do Paris Fashion Week.

Uma vida perfeitamente normal para uma criança de quase dois anos como a minha, portanto. Aliás, a Maria do Carmo não só foi ao Moda Lisboa deste ano, como lançou uma coleção de swimwear desenhada por ela que fechou a semana da moda. Os quadrikinis foram um sucesso só.

Voltando à Norte Oeste. Lá vai então a criança, um amor por sinal, a reboque da mãe para trás e para a frente e geralmente vestida de.... preto.







Mas que raio, pensei eu, é que esta mulher está a fazer? Coitada da triste da miúda que nem criança parece. E coordenado atrás de cordenado, um só negrume.

Entretanto, como não poderia deixar de ser, vão surgindo os apontamentos negros ou o look preto integral nas coleções mainstream infantis um pouco por todo o lado.

Que disparate. Mas esta gente passou-se toda?

Há uns dias tive uns 50 minutos só para mim, enquanto o Super Gato foi ao Gymboree com a MC. Uma festa de compras para ela, já se sabe.

Entrava nas lojas e lá estava o preto. Mas que diabos.

Comentava com as senhoras da loja. Não consigo entender. Elas que também não. Que ideia absurda. Elas que sem dúvida nenhuma.

Isto está tudo parvo.

Quando cheguei a casa tinha construído,  nos tais 50 minutos, um guarda-roupa digno de uma mini fã de heavy metal. Tudo negro.

No final do século passado - adoro estas expressões que me fazem perceber que sou antiga - também tive a minha fase "metaleira".

Que não era uma fase. Era a expressão de toda a minha individualidade e seria assim para todo o sempre. E foi. Durante uns eternos, tenebrosos e nada abonatórios dois anos.

Talvez sejam ainda resquícios.

Sou uma meretriz das tendências, é o que é.

 Mas não é que ela fica o máximo?





Fotos tiradas num festival infantil que de falarei daqui a uns dias. Quando me conseguir recompor. Achei que o preto era o ideal. Não?

Beijo da Patinha *











sexta-feira, 5 de junho de 2015

Diz que foi Dia da Criança!





Eu tenho um je ne sais quoi de dramática.

Não sei se já deu para perceber isso.

Não sei mesmo. Sem uma ponta de ironia.

Mas sim, sou um bocadinho dramática. Admitamos.

Mas não só sou um bocadinho dramática, como adoro dramas.

Não dramas de telenovela - ainda as argolas gigantes eram um must quando vi a última novela. Sim, Khloe Kardashian, bem vinda a este século - nem de fazer filmes com as vidas reais das pessoas.

Nada disso.

Gosto é de uma boa encenação. De um efeito dramático. Dum cenário. Dum argumento de suspense.

Sim, de um bom xanan!

Sou, por isso, uma neurótica das festas e celebrações. Maluquinha mesmo.

Penso, pesquiso, planeio, invento, penso mais um bocadinho e volto a inventar.

Qualquer dia destes mostro-vos fotos de festas que organizo. Ia dizer prometo, mas vou optar pelo previno. Até aviso no dia antes. Para já nem abrirem.

Mas isso é para outro dia. Hoje ficamo-nos pelas celebrações.

E qual será a celebração preferida duma Mãe Patinha que se preze?

Bem, a segunda, porque a primeira é o aniversário da CLSM. Obviamente.

E qual será a segunda celebração preferida duma Mãe Patinha que se preze?

Bem, a terceira, porque amo o Natal. Ainda mais agora.



Pronto, ok, esta semana foi o dia da Criança.

E como é que expliquei à Maria do Carmo - entretanto ocorreu-me que ela, aos 22 meses, não sabe - o que é o dia da criança?

            - Oh, meu amor da mãe hoje é o teu dia.

Diálogo que exprime com os olhos e que só uma mãe com super poderes consegue ouvir. DEOSMSPCO em suma:

           - Mas não são todos?

           - Hoje ainda tens mais beijos e abraços que nos outros dias.

DEOSMSPCO :

            - Tem mesmo de ser? Já tinha outros planos...
 
            - E parece que haverá presentes!

            - Espera lá que isto assim já me interessa. Continua...

            - Parece que está qualquer coisa na sala para ti.

Diálogo real que qualquer pessoa pode ouvir, DRQQPPO:

              - Uma tenda pá Mia Cámo?


Pronto, pára tudo!

Como assim uma tenda pá Mia Cámo? Mas como é que tu sabes que é uma tenda para a Mia Cámo? Andaste no meu facebook? No meu pinterest?

Ai, tu queres ver que a piquena é psíquica. Do tipo adivinha de feira?

Mas onde está o suspense, o drama, o efeito surpresa que a mamã tanto gosta?

Mas como raios é que ela adivinhou?

Talvez não devesse ter-lhe perguntado 3 vezes durante a semana se ela gostava de ter uma tenda. Ela respondia com um simples "a mamã arranja". Porque, pelos vistos, a mamã arranja tudo. Sem qualquer problema.

Talvez pôr a tocar "A minha Tenda" da Xana Toc Toc não fosse o mais subtil. Pois. Mas não resisti ao dramatismo da banda sonora.

Afinal, a minha filha não é cusca nem psíquica de feira. Só não é burra.

     (Nota mental: ajustar complexidade das futuras pistas)

Mas ela, sabendo ou não, ficou para além de felicíssima e olhava para mim radiante com aquele brilho nos olhos que me faz cócegas na alma. Este.




E eu e o Super Gato ficámos ali derretidos a vê-la brincar. A Mia Cámo sai da tenda. A Mia Cámo vai pá tenda. A Mia Cámo feiça a tenda. A Minnie ziganti também vai pá tenda. Abacinhos à Minnie Ziganti na tenda.








Enfim, uma felicidade só.

Fiquei feliz porque ela ficou feliz e, sim, também porque substitui um acampamento cigano de lençóis e mantas em plena sala de estar por esta coisa gira.





A tenda é da Trapinho. É maravilhosa.

Os tecidos são ótimos, os acabamentos perfeitos e tem o tamanho ideal.

Fiquei verdadeiramente satisfeita. E isso, acreditem, é dizer muito.

Além do mais, em comparação a tantas outras que vi,  são muito em conta e as meninas por detrás da marca, que é  como quem diz as trapeiras de serviço, são um amor.

E com uma paciência infinita.

Ter que levar comigo não é fácil. Demorei quase dois dias a escolher os tecidos e ainda fiz perguntas do tipo as tendas são estáveis - não, colapsam com um espirro - e se a parte da frente da tenda fica aberta e qual o sistema para permanecer aberto - agora vejo que nem sei o que isto quer dizer.

Não é fácil, mas aguentaram-se à bronca. E o resultado está à vista.


Se repararem bem, está colada no vestido uma etiqueta com o nome de Maria do Carmo. Não é para nos lembrarmos como é que a nossa filha se chama. É que ela vinha do Gymboree. Estamos a guardar o sistema das etiquetas para o 3.º filho.

Esta é de longe a melhor foto de todas. Com o melhor enquadramento e melhor luz. Se eu estava inspirada? Não, foi a MC que tirou. Ela tira fotos melhores que as minhas. Verídico. Ligeiramente deprimente, mas verídico.
Rabo mai fofo de sua mãe!

Beijo da Patinha *


















quarta-feira, 3 de junho de 2015

De olhos em bico






Ontem a CLSM ficou a dormir na casa dos meus pais.


Ai, que moderna e desprendida esta Mãe Patinha.


Nada disso. Quase que fui obrigada a isso - por mim mesma é verdade, mas obrigada, não obstante - e foi um sofrimento só.


Três metros cúbicos de lágrimas. Não, quatro.


Mas não é sobre isso que quero falar.


Aliás, não quero falar sobre isso.


Mudando de assunto, então.


Demos por nós em casa desnorteados sem a nossa pimpolha.


Na verdade somos um bocado parvos - para não dizer tontos que nem portas com penas -, porque todos os dias temos o nosso momento a dois a partir das 21 horas, hora em que ela vai para a cama. Mas sabemos que ela está no quarto. E ontem não estava.

Lá estou eu no mesmo assunto. Arre!


Adiante.


Decidimos então fazer um jantar romântico regado com um bom ( leia-se muito) vinho.


Lá fomos nós aos folhetos - na nossa casa, fazer jantar significa encomendá-lo - e assim num rasgo de aventura e estamos-sós-em-casa-vamos-ser-malucos, decidimos pedir sushi.


Eu já há muitos anos que venho tentando gostar de sushi. Já experimentei algumas vezes e sempre com resultados desastrosos. Mas achei que poderia ser desta.


Lá veio o bendito do sushi e pareceu-me bem. Colorido, absolutamente geométrico e todo arrumadinho na perfeição.


Pensando bem, esta comida deveria ser perfeita para uma neurótica das arrumações como eu.


Eram 32 peças. Não faço ideia do que eram.


Mas 32 peças de quê? De sushi, ora.

Mas tipo sashimi, perguntei eu com esperança que não se percebesse que era o único nome que eu conhecia. E mesmo assim sem saber o que significava. Nada.


Mesmo sem saber, enchi-me de coragem e comecei.


Pauzinhos em riste e lá vou eu. Sem medos.


O primeiro era comível.


O segundo já me pareceu melhor.


Ao terceiro já comecei a achar que afinal até poderia vir a gostar de sushi. Olha que isto até é bom.


O quarto já me parecia mais do mesmo.


Isto, bom, bom, era como entrada. Seguido de um bifinho com natas.


O quinto já me enjoou.


Não que fosse terrível. Mas tem muito arroz. E algas. E peixe.



Desisti.



A parte melhor?


O pacote de bolachas com chocolate do Continente que comi a seguir.


Ah, e o vinho!


De pôr os olhos em bico.



Beijo da Patinha *